domingo, 29 de julho de 2012

CAPÍTULO 1- O BILHETE


Nunca uma turma de escritório fora tão assídua como aquela. Sofia, às vezes, observava de longe a turma de amigos que sempre às sextas-feiras visitava o bar que herdara da tia. Sempre animados, ao redor da mesa de sinuca ou no campeonato de dardos, os nós nas gravatas desfeitos, as canecas e os copos sempre à mão, os risos soltos, alguns beijos por acolá e a conta sempre alta.
O AQUARELA BAR era um bar estilo americano, com balcão corrido, garrafas em prateleiras que tornavam o bar uma locação cinematográfica, mesa de sinuca tradicional e jogos de dardos espalhados pelo salão, que não era tão grande. O serviço impecável, e o cardápio bem elaborado apesar da simplicidade, uma JUNKE BOX ao canto e uma música que embalava as noites dos clientes.
Aquela sexta-feira ia ser diferente para Sofia, depois de um término de noivado doloroso e penoso, a dona do bar queria distância de relacionamentos amorosos, pelo menos por enquanto. Com uma calça jeans tradicional, um relógio grande Cartier clássico dado pelo pai quando terminou a faculdade de Administração (que nunca tirava do braço esquerdo) pendia sobre seu pulso razoavelmente magro, o cabelo preso meio desgrenhado, mas, excessivamente belo e atraente, uma blusa preta que deixava suas costas seminuas, definitivamente uma bela mulher. Seus olhos, grande e amendoados, eram doces e sutis, revelando uma personalidade atraente, mas fechada em si mesma, longe das cantadas dos seus clientes. Sofia era gentil, culta, inteligente, sensual, tinha gestos fortes, mas não eram agressivos, quando recebeu a conta da mesa de sexta-feira (como ela apelidou a mesa dos amigos de sexta), um guardanapo fora junto daquela vez.
Quando recebeu de Claudio, o pequeno objeto preto com o dinheiro da conta, Sofia observou um guardanapo dobrado destinado a ela. Com um sorriso no canto da boca, sabia o que já iria ler, ou pelo menos podia imaginar. Não era a primeira vez que Sofia recebia bilhetes de clientes, a maioria relatando sobre sua beleza e altivez, às vezes, ela até gostava dos recadinhos, mas outras, quando os homens já tinham consumido um pouco mais de álcool, algumas palavras eram grosseiras e indelicadas, esses, ela nunca terminava de ler, fazia questão apenas de olhar a assinatura. Carlão, o segurança do bar, era o braço direito de Sofia, conhecia a menina desde criança, quando frequentava o bar para visitar sua tia. Viu Sofia crescer e passou a trabalhar para a garota, não havia no bar ninguém mais amigo e companheiro para Sofia do que Carlão. Ele era forte e grande, mas com ela, conseguia ser doce e manso, sua estatura alta metia medo aos usuários mais atirados, mas nunca precisou fazer uso da força.
O AQUARELA BAR era considerado um lugar pacato, os clientes eram antigos e os novos apareciam por indicação dos velhos, fora eleito por guias da cidade como um dos melhores bares tradicionais da região, o segredo?! Ninguém sabia. Sofia abriu o guardanapo, observou a letra diferente das anteriores, mais arredondada, mais feminina. Sofia ficou curiosa e fitou a mesa, a grande e animada turma já estava em pé, muitos olharam para Sofia para despedir-se e ela sorriu educadamente, mas, um olhar fixo não parava de encará-la, com vergonha, baixou a cabeça e continuou a ler o bilhete, surpresa, percebeu que ao final, a assinatura era feminina, Sofia levantou a cabeça, procurou novamente a mulher, mas a turma dispersara-se, sem graça, ficou vermelha e resolveu guardar o bilhete no bolso.
(PUBLICADO EM: 29/07/2012- @TODOS OS DIREITOS RESERVADOS)


Por um mundo mais humano!
O BLOG: AMORES DE SOFIA é destinado à pessoas que gostam de uma boa história, independente de se ruma história "GAY" ou não! Publicada em capítulos quinzenais, a novela promete revelar uma linda, interessante e com possível final feliz!
Boa Leitura!